segunda-feira, 11 de abril de 2011

Babi

Em meio à toda aquela água do mar que o fazia afundar na areia molhada, a única coisa que Beto parecia sentir eram os pés dela sobre os dele. Nada de mar, nem de vento, barulho...nada! Beto sabia que aquele era um desses momentos que a gente leva por muito tempo, e que num belo domingo de sol preguiçoso é gostoso de se lembrar. Eu não faço a mínima ideia de como ele poderia saber aquilo, mas ele sabia. Na verdade, é curioso o fato de que qualquer um que estivesse no lugar dele teria certeza que aqueles pezinhos seriam lembrados por um longo pedaço de vida.

E enquanto ela repousava a cabeça no peito dele, a única coisa que parecia sentir eram as batidas fortes do coração de Beto. Deu-se conta que aquele cenário jamais lhe ocorrera antes, e que Beto seria um dos últimos a quem ela teria algum interesse. Por um milhão de motivos ele seria uma última opção, mas agora não lhe via nada à cabeça. Mais uma dessas coisas que a gente não consegue - e eu aposto que nunca consiga, explicar.

Quem visse de longe o jovem casal abraçado na beirinha do mar poderia facilmente confundí-los com uma só pessoa. Como naquele joguinho de criança, tetris, pareciam encaixados. Encaixados por suas diferenças. Diferenças marcantes e vibrantes, como ela gostar de Mozart e ele de Ramones. Ela de velocidade e ele nem saber dirigir.

O sol ia escondendo-se no horizonte e aquele abraço encaminhava-se ao fim. Fim? Depois daquele fim de tarde, Beto precisaria dos pés dela para caminhar.