Cinco da tarde
é o horário mais confuso do dia. É nesse momento que o Sol vai se acalmando no
horizonte - mais ameno, mais calmo, batendo de uma maneira distinta nas fachadas
das casas, deixando sua despedida e a escuridão vem chegando de mansinho pra
tomar sua posição. Tudo isso pintando a vida em tons laranja, em tons de cenário...
Nessa hora as
luzes dos postes ainda não estão acesas e os carros se veem na indecisão de
acender ou não seus faróis. Por breves instantes o dia mergulha na escuridão.
Era assim que
Maria deixava o trabalho. Finalmente.
Às cinco da tarde ela estava
livre para ir sem ser punida ou advertida por isso. Às cinco da tarde ninguém
mandava mais e suas obrigações haviam chegado ao fim naquele lugar. Às cinco,
de cada cinco dos dias da semana, Maria era liberta. Era livre do fardo habitual
que a ela parecia não ter fim. É somente o sentimento das cinco da tarde que
injeta ânimo em seu cotidiano. Contudo, às cinco e com sua carta de alforria
embaixo do braço, Maria ainda se perguntava ‘e agora, o que fazer’?