quinta-feira, 28 de junho de 2012

Cinco horas


Cinco da tarde é o horário mais confuso do dia. É nesse momento que o Sol vai se acalmando no horizonte - mais ameno, mais calmo, batendo de uma maneira distinta nas fachadas das casas, deixando sua despedida e a escuridão vem chegando de mansinho pra tomar sua posição. Tudo isso pintando a vida em tons laranja, em tons de cenário...
Nessa hora as luzes dos postes ainda não estão acesas e os carros se veem na indecisão de acender ou não seus faróis. Por breves instantes o dia mergulha na escuridão.
Era assim que Maria deixava o trabalho. Finalmente.
Às cinco da tarde ela estava livre para ir sem ser punida ou advertida por isso. Às cinco da tarde ninguém mandava mais e suas obrigações haviam chegado ao fim naquele lugar. Às cinco, de cada cinco dos dias da semana, Maria era liberta. Era livre do fardo habitual que a ela parecia não ter fim. É somente o sentimento das cinco da tarde que injeta ânimo em seu cotidiano. Contudo, às cinco e com sua carta de alforria embaixo do braço, Maria ainda se perguntava ‘e agora, o que fazer’?

Um comentário:

  1. É o famoso crepúsculo, segundo momento do dia em que não existem sombras...
    Quanta coisa nova por aqui, preciso botar a leitura em dia!

    ResponderExcluir